Romance Autobiográfico e Diarístico: As Escritas do Eu e do Outro em "Dom Casmurro", de Machado de Assis

Clodoaldo Sanches Fofano, Analice de Oliveira Martins

Resumo


Resumo: Este estudo tem por objetivo analisar as escritas do eu e do outro em “Dom Casmurro”, como romance autobiográfico literário, tecido por intermédio de uma escrita diarística. “Dom Casmurro” apresenta uma narrativa em primeira pessoa, que registra escritas de si e do outro, por intermédio de um autor ficcionalizante de Machado no qual convida o leitor para estabelecer com ele um pacto de cumplicidade; à medida em que esse leitor coadune com argumentos relacionados a uma história de possível traição ocorrida no final do século XIX, época em que preceitos religiosos cristãos influenciavam esta sociedade. A metodologia empregada quanto à abordagem do problema foi pesquisa qualitativa e quanto ao ponto de vista dos objetivos bibliográfica, aplicada, dedutiva e exploratória, com a utilização de fontes teóricas que contribuem com a análise realizada em recortes do romance machadiano escolhido para este estudo como objeto discursivo. Logo, percebemos que os recortes selecionados do romance “Dom Casmurro” que serviram de corpus para a análise proposta representam uma sequência diarística, uma vez o narrador protagonista apresenta suas reminiscências em forma de lembranças vagas e incompletas, contendo registros de escritas com marcas de tempo e espaço; demonstração de revelação de intimidades conjugais; tentativa de estabelecer pacto de cumplicidade, ou melhor, identificação do leitor com o narrador. Além do mais, tais escritas foram apresentadas no romance a partir de relatos de diferentes momentos da vida do narrador como um continuum no qual mereceram destaque na tessitura da narrativa registadas pelo nascimento, idade adulta e velhice.

Palavras-chave: Romance autobiográfico. Escrita diarística. Autor ficcionalizante. Dom Casmurro. Machado de Assis.


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Referências


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