Memória e Identidade: o lugar da população negra na identidade nacional argentina na primeira metade do século XIX.

Filipe Soares Fernandes, Drielle da Silva Pereira

Resumo


O sistema colonial espanhol estabelecido nas Américas não se enquadra como escravista, porém, o uso e comércio de escravos ocorreram amplamente. Este modelo de trabalho compulsório se caracterizou principalmente pelo uso de mão-de-obra de indígenas, não excluindo o uso de africanos escravizados. Após as Guerras de Independência na América espanhola, o desafio de criar uma identidade nacional surge enquanto a escravidão não havia sido abolida completamente, mas estava em um processo de abolicionismo gradual. Nesse contexto, surge à questão de como a historiografia tradicional foi responsável pelo “apagamento” da população negra na construção da identidade nacional argentina na primeira metade do século XIX. Sendo assim, o presente trabalho propõe-se a analisar o processo de construção da identidade nacional argentina e o papel delegado à população negra, entre os anos de 1810 a 1853. A pesquisa exploratória far-se-á por meio de uma análise qualitativa dos dados e utiliza de fontes bibliográficas, obras de natureza historiográfica, que compõem uma historiografia revisionista e obras que compõem a historiografia tradicional. Conclui-se, por fim, que narrativas historiográficas que partem de uma visão tradicional, e de autores dela, foram responsáveis por apagar a presença das populações negras as suas contribuições na formação da Argentina, sendo essa narrativa tradicional legitimada por uma visão eurocêntrica que desejava uma nação branca e homogênea, diferentemente da realidade.

Palavras-chave: Sistema colonial. Africanos escravizados. Identidade nacional. Historiografia tradicional.


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