A COMUNICAÇÃO NA FAMÍLIA CARACTERIZADA PELA PSEUDOMUTUALIDADE E PELO DUPLO VÍNCULO

Ieda Tinoco Boechat, Hideliza Lacerda Tinoco Boechat Cabral, Carlos Henrique Medeiros de Souza

Resumo


As interações sociais humanas se iniciam, quase em sempre, na família, entendida de modo amplo como uma união de pessoas estabelecida por laços consanguíneos e/ou afetivos. A comunicação em família pode favorecer ou não o pleno desenvolvimento de seus membros. O objetivo deste artigo é estudar as relações interpessoais no contexto familiar caracterizadas pela pseudomutalidade e pelo duplo vínculo, fenômenos relacionais que podem dificultar a comunicação a ponto de comprometer a interação familiar. Para tanto, explicita a concepção sistêmica de família; evidencia a relevância da linguagem e da cognição na comunicação e na interação humanas para as relações no ambiente familiar; e caracteriza a pseudomutualidade e o duplo vínculo. Supõe-se que os padrões de comunicação e de interação familiares, que não consideram a metacomunicação e impedem a metacognição, comprometem a identidade pessoal, o pensamento reflexivo e o desenvolvimento intelectual e socioafetivo de seus membros. Assim, este estudo, por meio de pesquisa bibliográfica, problematiza a questão: de que modo a cognição e a linguagem podem favorecer a interação familiar? Discute-se que para haver uma interação familiar ótima é necessário valorizar a espontaneidade na tomada de decisões, entusiasmo na participação conjunta e a exploração de divergências entre concepções que valorize a argumentação e a contra-argumentação, a fim de favorecer o desenvolvimento do pensamento reflexivo por meio de relações familiares mutuais. Conclui-se que a interação familiar requer liberdade para a autoexpressão de sentimentos e pensamentos, com intuito de favorecer a cognição e a metacognição, a comunicação e a metacomunicação, processos fundamentais ao desenvolvimento socioafetivo, intelectual e psíquico de seus membros, em nível individual e coletivo.

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